A criança que faz pré-escola
aprende melhor matemática e português e tem menor atraso escolar. Esse é um dos
resultados que constam do estudo Impactos da Pré-Escola no Brasil, conduzido
por André Portela Souza, coordenador do Centro de Microeconomia Aplicada da
Fundação Getulio Vargas (FGV).
No estudo, que teve como base
dados da Prova Brasil e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb),
aplicados em 2005, Portela faz a estimativa de que a criança que é colocada na
pré-escola apresenta, em média, redução no atraso escolar de 1,2 ano e aumento
na proficiência de matemática de 0,47 desvio padrão, o que corresponderia, segundo
ele, a três anos a mais de escolaridade.
“É como se fosse quase cerca de um
ano a mais de escolaridade no aprendizado: a criança que faz [a pré-escola] tem
um ano a mais em termos de conteúdo quando chega à 4ª série”, disse Portela,
durante apresentação de seu trabalho hoje (12), em São Paulo.
Segundo ele, em 2005, havia cerca
de 10 milhões de crianças de 4 a 6 anos de idade no Brasil. Dessas, 7,1 milhões
frequentavam a pré-escola, o que corresponde a 72% do total. Nesse mesmo ano, o
país destinava 5% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação. No entanto, a
maior parte dos gastos era destinada para a educação superior. De acordo com
ele, em 2005, o país destinava 120% de sua renda per capita para cada aluno do
ensino superior e apenas 10% de sua renda per capita para cada aluno de
pré-escola. “Investimentos educacionais na infância têm impactos duradouros”,
diz o pesquisador.
Um resumo do estudo sobre o
impacto da pré-escola no Brasil pode ser lido no livro Aprendizagem Infantil –
Uma Abordagem da Neurociência, Economia e Psicologia Cognitiva, coordenado por
Aloísio Araújo e lançado pela Academia Brasileira de Ciências. Na apresentação
da obra, Araújo postula que, “para corrigir as desigualdades educacionais e
permitir um maior desenvolvimento econômico através da incorporação de um
número maior de adolescentes em faixas mais elevadas de educação, é preciso
fazer intervenções na fase mais precoce da criança”.
Uma série de estudos
internacionais e nacionais desenvolvidos na área da educação foram apresentados
na manhã de hoje (12), na FGV, durante o workshop Impactos da Educação
Infantil: O Que Nos Diz a Evidência Empírica. Em todos os estudos apresentados,
a conclusão é pela importância de se investir na educação infantil.
Elaine Patricia Cruz Da Agência
Brasil, em São Paulo
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