MEC admite que alunos tiveram acesso a 9 questões antes do Enem

O Ministério da Educação disse que o simulado de um colégio em Fortaleza (CE) apresentou nove questões idênticas às do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) duas semanas antes da realização da prova, aplicada neste fim de semana em todo o país.

Quatorze questões foram divulgadas em um perfil do Facebook na noite desta terça-feira (25). Segundo o MEC, uma questão é "similar" e quatro não são parecidas.

A Polícia Federal foi acionada para investigar o caso. Dependendo da investigação, só os 630 estudantes do colégio Christus, que tem várias unidades na capital do Ceará, poderão ter de refazer o Enem em novembro.

O diretor do colégio, Davi Rocha, disse que ficou surpreso com a repercussão do caso. Ele disse que ainda apura o que ocorreu e que o simulado é realizado por uma rede de colaboradores.

O Ministério Público Federal no Ceará informou que pretende pedir o cancelamento da prova. Segundo o procurador Oscar Costa Filho, o MEC (Ministério da Educação) e o Inep (instituto responsável pelo Enem) serão notificados. Caso o pedido não seja aceito, tentará suspender o exame na Justiça.

HISTÓRICO

As provas do Enem registraram problemas nos dois últimos anos. Em 2010, a prova amarela teve questões embaralhadas, o que fez com que alguns estudantes marcassem as respostas no campo errado.

Já na edição do Enem de 2009, exemplares da prova foram roubados. A fraude adiou a realização do exame, que acabou marcado por abstenção recorde e erro no gabarito oficial. Quatro dos cinco envolvidos no vazamento foram condenados pela Justiça Federal.

Neste ano, cerca de 1.100 candidatos foram informados por telefone que o local da prova indicado no cartão de confirmação de inscrição estava errado.

Segundo o Inep, o problema atingiu apenas candidatos do Rio e consistiu na digitação errada do número do prédio. Os cartões indicaram o prédio da reitoria da Unirio, cerca de 200 metros de distância do prédio onde ocorreu a prova.

FELIPE LUCHETE DE SÃO PAULO - UOL

Procuradoria pedirá suspensão do Enem 2011 por suposto vazamento

O Ministério Público Federal no Ceará pedirá o cancelamento do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) após indícios de que estudantes de Fortaleza tiveram acesso a questões antes da prova. A prova foi realizada no último fim de semana.

Segundo o procurador Oscar Costa Filho, um simulado de uma escola da cidade continha 13 questões idênticas às do exame realizado neste fim de semana em todo o país. Ainda segundo ele, o simulado foi impresso antes da realização do Enem.

Os indícios de vazamento das questões começaram a circular em redes sociais na noite desta terça-feira (25). Mais de 5 milhões de candidatos se inscreveram no Enem.

O procurador disse que notificará o MEC (Ministério da Educação) e o Inep (instituto do governo federal responsável pelo Enem). Caso o pedido não seja aceito, tentará suspender o exame na Justiça.

O MEC declarou, via assessoria de imprensa, que acionou na manhã desta quarta-feira a Polícia Federal para investigar o caso.

A prova do Enem é usada para a classificação dos candidatos no Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que oferecerá ao menos 87 mil vagas nas universidades federais para o próximo ano.

HISTÓRICO

As provas do Enem registraram problemas nos dois últimos anos. Em 2010, a prova amarela teve questões embaralhadas, o que fez com que alguns estudantes marcassem as respostas no campo errado.

Já na edição do Enem de 2009, exemplares da prova foram roubados. A fraude adiou a realização do exame, que acabou marcado por abstenção recorde e erro no gabarito oficial. Quatro dos cinco envolvidos no vazamento foram condenados pela Justiça Federal.

Neste ano, cerca de 1.100 candidatos foram informados por telefone que o local da prova indicado no cartão de confirmação de inscrição estava errado.

Segundo o Inep, o problema atingiu apenas candidatos do Rio e consistiu na digitação errada do número do prédio onde será feita a prova. Os cartões indicaram o prédio da reitoria da Unirio, cerca de 200 metros de distância do prédio onde ocorreu a prova.

FELIPE LUCHETE DE SÃO PAULO – UOL Educação

Para Nobel de economia, Brasil precisa investir mais na educação dos primeiros anos

O Prêmio Nobel de Economia James Heckman afirmou nesta terça-feira (25) que o Brasil “precisa investir na educação dos primeiros anos e nas regiões mais carentes”. Segundo o professor da universidade de Chicago, investir no início da vida escolar diminui o trabalho de “remediar o ensino mais tarde”. O catedrático fez uma palestra na manhã desta terça (25) em São Paulo.

De acordo com o professor, é mais fácil reverter uma situação que acontece na fase da adolescência e na idade adulta, do que na infância. Por isso, a importância de oferecer uma educação de qualidade logo nos primeiros anos de vida. “Teremos sucesso em intervenções na adolescência também, mas na infância é melhor”, afirmou.

Heckman também falou sobre o papel da motivação para garantir um melhor aprendizado. “Crianças altamente motivadas aprendem melhor e têm mais conhecimento. A motivação afeta também a velocidade com que irão aprender”, disse o professor.

Para ele, as escolas podem estimular os alunos mostrando a relação do que eles aprendem na sala de aula e a profissão pretendida para o futuro: “Se a criança quer trabalhar na construção civil ou ser engenheiro, tem que perceber que precisa ir bem nas aula de computação na escola, por exemplo”. E a motivação é uma via de mão dupla, pois os professores reagem melhor a uma criança mais motivada, segundo Heckman.

Medidas

"Vivemos em uma época em que os testes se tornaram um padrão para avaliar as escolas e os indivíduos", comentou o Nobel de economia. "Esses testes são utilizados, mas não são tão bem entendidos. O importante também é o que eles deixam de fazer." Segundo o professor, os testes padronizados, como a Prova Brasil e o Enem, não conseguem captar as competências não-cognitivas. Ou seja, capacidades como a sociabilidade ou coeficiente de neurose em um indivíduo. "Quero dizer que quando falamos em competências, precisamos ir além, a vida é muito rica e precisamos entendê-las", concluiu Heckman.

Se perguntarmos, o que pode prever o sucesso, o traço único, na opinião de Heckman, é a conscientização. "A inteligência exerce um papel importante, mas a conscientização é mais fundamental para o aprendizado", afirma.

Para ele, a escola está muito focada no desempenho acadêmico dos alunos - e esse tipo de conhecimento, sozinho, não garante uma vida feliz. Aliás, Heckman ressaltou a importância da definição de que tipo de sociedade pretendemos alcançar. O que é ser feliz nessa sociedade? Sem essa baliza, na opinião dele, fica difícil determinar os rumos dos nossos sistemas educacionais.

"Se tivermos um foco só no resultado final, vamos perder a finalidade dos testes escolares, que é avaliar todo o processo", afirmou Heckman. "Temos que tomar cuidado com aquilo que medimos." Para o professor, não existe ainda um jeito de mensurar a totalidade do trabalho da escola.

Suellen Smosinski Em São Paulo UOL Educação

Veja os cadernos de prova do Enem 2011


O Inep (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) acaba de divulgar os cadernos de prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2011. As provas foram realizadas no sábado (22) e no domingo (23).

Veja os cadernos de prova do Enem 2011

Primeiro dia Segundo dia

Azul

Amarelo


Amarelo

Cinza


Branco

Azul


Rosa

Rosa


Os professores do Curso e Colégio Objetivo fizeram a correção online comentada do segundo dia de provas do Enem. No mesmo link, você pode conferir as respostas das questões do primeiro dia:

CONFIRA A CORREÇÃO ONLINE

REVEJA A COBERTURA COMPLETA DO ENEM 2011

PARA PROFESSORES, CANDIDATOS TIVERAM POUCO TEMPO PARA RESPONDER AS QUESTÕES

Como foram as provas

Candidatos ouvidos pelo UOL Educação relataram que o primeiro dia de provas do Enem foi tranquilo, porém cansativo. Para alguns, as questões do exame deste ano estavam bem mais complicadas e com uma quantidade de textos maior em relação aos anos anteriores. No segundo dia de prova, a grande "vilã" apontada pelos candidatos foi matemática. A redação, com o tema "Viver em rede no século 21: os limites entre o público e o privado", foi elogiada pelos estudantes.

O estudante de Curitiba Cleverson Adriano de Souza, 18, considerou o segundo dia "mais fácil". "Gosto de matemática. E a redação teve um tema da atualidade [redes sociais]", diz. Perguntado se achou o tema fácil, ele respondeu: "Ah! Sou jovem, né? tem que estar por dentro", afirmou.

Em São Paulo, Flavio Nogueira, 27, disse que as questões de exatas estavam "bem mais complicadas". "Português foi mais fácil. A redação falava de internet, achei um tema fácil de elaborar, é uma situação do nosso cotidiano", afirmou.

Quem também achou a prova de matemática difícil foi Kaique Romão, 17. "Além de compreender o texto, você tinha que fazer conta também". Para ele, o mais fácil foi responder as questões de inglês: "Dava para entender mais e os textos eram um pouco menores".

Everaldo Mece da Silva, 25, fez o Enem em 2008 e achou a prova diferente e bem mais difícil. "Foi muito cansativo, no final já estava louco. Antes era mais curta".

Redação

O jornal O Globo, em seu site, divulgou o tema da redação do Enem 2011 ("Viver em rede no século 21: os limites entre o público e o privado") às 13h59 - a reportagem do UOL visualizou a matéria pela primeira vez às 14h34. Os primeiros candidatos só poderiam começar a sair dos locais de prova às 15h.

Questionado, o MEC (MInistério da Educação) confirmou o tema. Segundo a pasta, isso não configura quebra de sigilo da prova, uma vez que o tema foi divulgado depois de o início da mesma. Para o MEC, o fato não configura falha na segurança.

Para Maria Aparecida Custódio, professora do laboratório de redação do Colégio Objetivo, o tema da prova de redação do Enem teve bastante identificação com o público jovem. Segundo ela, os candidatos tiveram facilidade para discorrer sobre o assunto deste ano: "Viver em rede no século 21: os limites entre o público e o privado".

Problemas de segurança

Esta edição do Enem 2011 teve problemas pontuais, principalmente de segurança. No sábado, um repórter do jornal "O Estado de São Paulo" foi convocado em frente a um local de provas na capital paulista para ser fiscal, mesmo com a presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Malvina Tuttman, tendo prometido que os ficais seriam exaustivamente treinados.

Além disso, um fotógrafo trabalhando para UOL conseguiu tirar fotos de dentro de sala de aula, o que era proibido pelo MEC. Os fiscais não o interromperam em momento algum e o profissional estava devidamente identificado.

Houve, também, casos de alunos que foram retirados de sala por estarem tuitando: oito no sábado, três neste domingo.

Fonte – UOL Educação

ENEM 2011

Com 5,4 milhões de inscritos (o maior número da história), as provas da edição 2011 do Enem começam hoje e valerão na seleção de mais de 260 mil vagas no ensino superior no ano que vem.

O Enem é utilizado em processos seletivos de universidades federais. De acordo com levantamento feito pela Folha, a prova será considerada na seleção de ao menos 105 mil universitários.

As instituições federais usam a prova de diferentes modos: como única forma de seleção ou mecanismo complementar ao vestibular.

Nesse número não estão consideradas as vagas disponíveis nos institutos federais, que oferecem formação superior tecnológica, que também utilizam a prova. O Ministério da Educação ainda não tabulou esses dados.

A avaliação também escolhe os bolsistas em instituições privadas via Prouni.

Considerando as últimas edições do programa, deverão estar disponíveis no primeiro semestre do ano que vem cerca de 160 mil bolsas -quantidade aproximada de 2010 e deste ano.

Somando as vagas nas universidades federais e no Prouni, significa que o Enem influenciará em ao menos 10% dos novos postos a serem oferecidos no ensino superior do país em 2012.

Na tentativa de reduzir problemas no exame, o Inep (instituto do MEC que aplica o Enem) contratou empresa de gerenciamento e avaliação de risco, que acompanhou processos como a logística de distribuição das provas.

O Inmetro também foi contratado para acompanhar a impressão e a distribuição dos cadernos de provas. Mesmo com o novo aparato, o Inep alterou dez locais de prova que estavam sem condições de uso.

Fonte – Folha.com

Enem acaba hoje com prova de linguagens, matemática e redação

Os cerca de 5 milhões de alunos que participam hoje do segundo dia de exame do Enem devem ficar atentos às exigências feitas para a redação. Fugir do padrão significa zerar nesse quesito.

O texto dissertativo deve ter entre 7 e 30 linhas. Não abordar o tema proposto leva à anulação dessa prova. Os candidatos devem chegar às 12h ao local de prova, pois os portões serão fechados às 13h.

Neste domingo serão cinco horas e meia para resolver 90 questões de matemática e linguagens, além da redação.

O estudante deve levar documento de identidade original e caneta esferográfica de cor preta. A recomendação do Inep (instituto do MEC que aplica o Enem) é que o estudante chegue às 12h no local da prova, horário em que as portas são abertas.

Se utilizados pelos candidatos, os trechos de textos das questões objetivas não entrarão no cômputo de linhas nem serão considerados na correção da redação. Desenhos também serão descartados e podem levar à anulação da redação.

Nos últimos anos, educadores e estudantes têm criticado o sistema de correção dos textos. Nesta edição, o Inep (instituto que aplica o exame) alterou o processo.

Antes, cada redação era corrigida por dois avaliadores. Uma terceira avaliação só era feita se as notas tivessem mais de 500 pontos de diferença, numa escala de 0 a 1.000. Agora, a correção extra será feita a partir de 300 pontos de discrepância.

Na prova objetiva, o estudante deve manter a opção feita na inscrição em relação à língua estrangeira -se optou por inglês, não poderá mudar para espanhol hoje.

Fonte – Folha.com

Pretensões políticas de Haddad dependem do sucesso do Enem 2011, dizem especialistas

Pretensões políticas de Fernando Haddad estão em jogo com Enem, dizem especialistas

Além da consolidação do modelo atual do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), o futuro político do ministro Fernando Haddad (PT) também está em jogo neste final de semana. Especialistas ouvidos pelo UOL afirmam que eventuais problemas nesta edição, como os que aconteceram nas últimas duas edições, podem minar as chances de ele se tornar candidato à Prefeitura de São Paulo.

“Algum outro desastre no Enem neste ano seria como se fosse o beijo da morte para o ministro”, afirma David Fleischer, professor do Departamento de Ciência Política da UnB (Universidade de Brasília). “Se ele for candidato, tem que torcer para o Enem dar certo.”

Segundo Milton Lahuerta, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), o Enem é o “telhado de vidro” de Haddad em uma eventual campanha. “De jeito nenhum será um tema confortável. O que aconteceu [erros nas provas anteriores] já é suficientemente complexo”, diz.

As edições de 2010 e 2009 foram marcadas por uma série de problemas. No ano passado, as folhas de resposta vieram com cabeçalhos trocados e alguns cadernos de prova vieram com deficiências de impressão. Em 2009, a prova vazou e foi necessário adiar a data de aplicação.

Fortalecimento

Por outro lado, afrima Fleischer, um Enem sem percalços pode facilitar a vida do ministro em uma possível campanha. “Se o Enem for bem sucedido, fortalece a candidatura dele”, diz. De acordo com o pesquisador, isso pode gerar um ciclo de boas notícias e de publicidade positiva.

Lahuerta lembra, no entanto, que, mesmo com tudo dando certo neste ano, o tema deve voltar à baila no período eleitoral. “Eleição, campanha eleitoral, é algo que não passa só sob racionalidade. Essa questão [Enem] poderá ganhar maior ou menor impacto. Mas não é um bom portfólio duas edições desastradas”, afirma.

Consultado, o ministro Fernando Haddad disse, por meio de sua assessoria, que não iria se pronunciar.

Rafael Targino Em São Paulo - UOL Educação

Meio milhão vão fazer Enem em busca do diploma do ensino médio

Número de interessados cresce a cada ano:

Parte dos 5,3 milhões de candidatos que farão as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no final de semana não tem como principal objetivo conseguir uma vaga em universidade pública ou uma bolsa no Programa Universidade para Todos (ProUni). Cerca de 545 mil participantes declararam na ficha de inscrição que estão em busca do certificado de conclusão do ensino médio, que pode ser obtido sem que a etapa tenha sido concluída a partir do desempenho na prova.

Desde 2009, participantes maiores de 18 anos que por algum motivo não tenham concluído a educação básica na idade esperada podem conseguir o diploma de ensino médio por meio do Enem. O número de interessados cresce a cada ano: em 2009, 197 mil candidatos fizeram o Enem com o objetivo de obter a certificação. Em 2010, o número saltou para 539 mil. O documento é expedido pelas secretarias de educação e institutos federais.

O aluno pode pedir o certificado de conclusão por disciplina ou de toda a etapa. Para isso, precisa atingir notas mínimas que são estipuladas pelo Ministério da Educação (MEC). Em 2009, apenas 69 mil atingiram a nota exigida e conseguiram o certificado. Em 2010, 110 mil foram declarados aptos.

A copeira Pâmela Miranda, 28 anos, espera adiantar os estudos por meio do Enem. Ela é aluna do ensino médio no Centro de Estudos Supletivos da Asa Sul (Cesas), que oferece educação de jovens e adultos em Brasília. “A gente economiza tempo assim e o que sobra podemos estudar para passar em um concurso. Esse é o meu objetivo”, conta a estudante. Ela aproveita as aulas para tirar dúvidas com os professores sobre a prova e quando sobra tempo estuda em casa.

Lílian de Jesus dos Santos, 32 anos, usa o sábado e o domingo para estudar para o Enem, já que durante a semana trabalha como doméstica. Grávida de sete meses do seu primeiro filho, ela espera que com o diploma do ensino médio possa tentar uma vaga em um curso técnico na área de nutrição. “Estudar à noite é puxado. Mas quando você tem um objetivo você não desiste”, diz.

Ela está dando atenção especial à preparação para a redação, temida pela maioria dos candidatos. “É prioridade porque vale mais pontos”, explica.

Estelita Nascimento, 42 anos, conta com a ajuda do filho que é estudante de sociologia na Universidade de Brasília (UnB) para se preparar para o Enem. “Estou estudando pelas provas que ele já fez. Foi ele quem fez a minha inscrição e puxa minha orelha para eu estudar”, conta. Depois de concluir o ensino médio, ela quer cursar enfermagem.
As provas do Enem serão aplicadas neste fim de semana em 40 mil locais de prova, às 13h (horário de Brasília). No sábado, as provas serão de ciências humanas e da natureza. Já no domingo, os candidatos responderão a questões de matemática e língua portuguesa, além da redação.

Mais de 4,6 mil estudantes tiveram locais de prova do Enem alterados

O MEC (Ministério da Educação) confirmou nesta quarta-feira (19) que 4.606 alunos tiveram os locais de prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2011 alterados. Veja a relação:

Número de alunos com locais de prova alterados

Manaus (AM) 1.456

Humaitá (AM) 388

Além Paraíba (MG) 334

Cametá (PA) 224

Paranóa (DF) 512

São Gonçalo do Amarante (CE) 80

Fortaleza (CE) 492

Rio de Janeiro (RJ) 1.120

Total 4.606

O ministério afirmou que, a princípio, não há nenhuma outra área crítica, mas que, se for necessário, poderá haver outras alterações até o dia da prova.

De acordo com o MEC, todos foram avisados das mudanças por telefone, e-mail e mensagem de texto. No dia da prova os locais terão faixas, cartazes e fiscais informando o endereço correto. Se for preciso, o órgão oferecerá transporte gratuito para esses candidatos. No dia da prova os locais terão faixas, cartazes e fiscais informando o endereço correto. Se for preciso, o órgão oferecerá transporte gratuito para esses candidatos.

No Rio de Janeiro, 1.027 candidatos receberam o cartão de confirmação com o endereço errado. Os dois endereços, o certo e o errado, ficam dentro da Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro). Os candidatos receberam o cartão com o endereço da Reitoria (av. Pasteur, 296, Urca), quando o correto era o endereço do Centro de Letras e Artes (av. Pasteur, 436, Urca).

Os estragos provocados pelas chuvas são apontados como o motivo do realocamento dos candidatos das quatro escolas do Amazonas. O barulho provocado por um festival de motociclismo causou a mudança em Além Paraíba, Minas Gerais. A festa do padroeiro da cidade de Cametá, no Pará, ocasionou a transferência de candidatos para outras localidades.
No Distrito Federal, os estudantes foram transferidos da zona rural para a zona urbana por conta de dificuldades com o transporte público. Em Fortaleza, problemas com as salas de aula impediram a realização do exame no local de prova indicado primeiramente para os alunos.

Prova

Mais de 5 milhões de candidatos estão inscritos no exame. Ao UOL Educação, o ministro Fernando Haddad disse que o Enem está cercado “do que há de melhor na inteligência do país”, na tentativa de evitar as trapalhadas das duas últimas edições, que incluem o vazamento de 2009 e os erros de impressão de 2010. Nesse ano, um grupo de alunos precisou refazer o exame após receberem cadernos de testes com questões faltantes e repetidas.

Fonte – UOL Educação

São Paulo lidera consolidação do Enem

Dos 5,3 milhões de inscritos, 901 mil são de São Paulo e 335 mil do Rio

Antes encarado como uma prova que não era bem um vestibular, o Enem se consolidou como uma prova que tem suas dificuldades - mas, principalmente, particularidades. Se em São Paulo, onde ainda não é usado como seleção para as principais universidade estaduais (USP, Unicamp e Unesp), a preocupação já é grande em desvendar a prova, no Rio de Janeiro essa atenção cresceu consideravelmente neste ano.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aderiu ao exame como forma de seleção, causando estranheza entre estudantes. "Preferia o vestibular tradicional da federal, media mais a qualidade. Acho a prova do Enem muito estranha", diz Wallace Pappacena, de 18 anos, que quer cursar Direito na UFRJ.

O coordenador do cursinho Miguel Couto, do Rio, Antonio Bottino, avalia que a preocupação entre os estudantes cariocas é que agora a concorrência ficou ainda maior. "No Rio, cada prova tinha uma característica, e havia um perfil restrito de candidatos. Agora, com o Enem, a concorrência é com Brasil inteiro."

De acordo com ele, o cursinho reforçou o foco no Enem. Dos 5,3 milhões de inscritos. 335 mil são do Rio. O maior número de inscrições está em São Paulo: 901 mil.

Paulo Saldaña - O Estado de S. Paulo

Dos professores, de todos os dias

A complexidade de nosso mundo é a complexidade da nossa escolas

Nei Alberto Pies*

“As verdadeiras questões da educação resultam de que nas escolas há pessoas jovens, que devem ser ajudadas, tanto quanto possível, a serem felizes. E em que a felicidade dessas pessoas, como a de todas as outras, consiste em satisfazerem a ânsia profunda que têm de verdade, de bem e de beleza. Não em terem coisas e conforto”. (Paulo Geraldo)

Nós, professores e professoras de todos dias, mergulhamos no complexo desafio de humanizar crianças, adolescentes, jovens e adultos a partir da construção do conhecimento. Os tempos mudam, mas não mudou o papel da escola. A escola é o grande laboratório onde se geram a socialização e convivência interpessoal, bem como a construção do conhecimento, a partir das idéias e iniciativas inerentes à criatividade humana.

Abençoada seja a nossa missão de educar. Abençoados sejam nossos propósitos, mesmo nem sempre compreendidos pelos alunos, pais e comunidade. Abençoadas sejam nossas famílias que se geram neste contexto que exige ousadia, paciência, preparo e persistência, em resumo, em doação à vida dos outros. Abençoada seja a nossa saúde física e mental, pois não podemos adoecer e nem fraquejar. Abençoados sejam todos aqueles e aquelas que, por nossas mãos, mentes e coração aceitaram e aceitam o desafio de fazer-se gente, a partir dos seus potenciais e da superação de seus limites. Abençoados todos aqueles que acreditam no trabalho do professor.

Nada mais gratificante em nossa profissão do que o reconhecimento de alunos e alunas que, mesmo tardiamente, fazem questão de afirmar que a gente fez diferença em suas vidas. Não há como medir, no cotidiano da vida escolar, quando e como realizamos ações ou atitudes que marcaram positivamente a vida de um de nossos alunos. Afinal, a gente nunca foi e nunca será gênio para adivinhar; sempre seremos visionários para arriscar, mudar e ousar. Nisto, sempre fomos mestres.

O que entristece a nossa vida é que tanto cuidamos da vida, dos sonhos e dos problemas dos outros, mas nem sempre somos bem cuidados. Queríamos, sim, reconhecimento por nosso maior feito: preservar a importância da educação e da escola para o nosso país, para o mundo.

Muitos falam de educação, mas não são professores. Arriscam palpites sobre melhorias na educação, mas não perguntam sobre o que a gente tem a dizer. Não se importam com nossos baixos salários, muito menos com nossas dificuldades de lidar com as múltiplas dimensões e necessidades presentes nos nossos alunos. Nestes últimos quesitos, lutamos solitários. Embora não tenha mudado o papel da escola e da educação, mudaram as exigências para que possamos construir uma boa aprendizagem. Temos observado que nem todo aluno e nem todos os pais vêem a escola como uma forma de inserção na vida social e científica. Que as necessidades dos nossos alunos estão muito além para aquilo que a escola consegue oferecer. Que escolas e professores nem sempre estão em condições de dar conta de tudo o que está “depositado” neles.

O fato é que, a complexidade de nosso mundo é a complexidade da nossa escola; esta complexidade está nos distintos recantos de nosso país. O que muda de uma escola para o outra é o modo de conduzir os processos de aprendizagem e de interação social, mediados pelo conhecimento. A especificidade de cada escola e de cada contexto é que precisam ser sempre avaliados, reconhecidos e apoiados.

O professor, neste contexto, está fragilizado, exposto e pressionado por resultados e expectativas que não dependem somente de sua atuação. Mas professores e professoras resistem bravamente. Sabem que a dureza dos desafios cotidianos supera-se na disposição de lutar por melhores dias na educação, mas também na sua disposição de amar e sentir compaixão. Como escreveu Paulo Freire, “ não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.

Nossos dias se chamam “muito trabalho”. Nosso alento, “esperança de dias melhores”.

*Nei Alberto Pies, professor, graduado em filosofia e com especialização em metodologia de ensino religioso, ativista da Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo (RS)

Rede estadual terá regime de dedicação integral

No ensino básico, professores não poderão acumular aulas em outras escolas; em contrapartida, receberão gratificação; modelo começa em 2012

Paulo Saldana, de O Estado de S.Paulo

O governo do Estado de São Paulo vai criar um regime de dedicação integral para professores e diretores da rede de educação básica. Os docentes não poderão acumular aulas em outras escolas e, em contrapartida, receberão gratificação. O novo modelo será iniciado a partir de 2012 em 19 escolas espalhadas pelo Estado - onde haverá ampliação de carga horária, de seis para oito horas diárias, além da criação de disciplinas eletivas.

As iniciativas fazem parte de um programa de ações voltadas à melhoria da educação, que será anunciado hoje pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e pelo secretário da Educação, Herman Voorwald. Serão anunciadas apenas ações referentes ao ensino médio. Em novembro, ocorrerá o anúncio de ações voltadas para o ensino fundamental - que passam por estudos e análises por equipes da secretaria. O foco será na recuperação do aprendizado.

No novo modelo de escola para alunos dos últimos anos da educação básica, além do aumento da carga horária, o plano é que haja integração entre as disciplinas do currículo. A mudança no regime do seus professores também é novidade. Não será uma carreira diferente, mas um regime diferenciado.

“Na mudança no regime de trabalho do professor, ele vai conhecer os alunos, identificar-se com eles e ser uma referência na escola. A ideia é incentivar uma carreira de 40 horas na mesma escola, porque muitos têm hoje jornadas de apenas 16 horas”, explica o diretor executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne. A fundação foi uma das 21 organizações da sociedade civil envolvidas em educação que participaram dos debates e grupos de trabalho que antecederam a finalização e anúncio do programa.

O coordenador da ONG Parceiros da Educação, Jair Ribeiro, outra entidade envolvida, ressalta que o programa é ambicioso, mas possível. “A visão do projeto é posicionar o sistema de ensino de São Paulo entre os 25 melhores do mundo e transformar a carreira do professor entre as dez mais desejadas do Estado.”

O programa também prevê ação diferenciada para 1.206 unidades de ensino consideradas vulneráveis. Nesses locais, haverá prioridade na formação continuada de professores e projetos focados na recuperação do aprendizado dos alunos.

De bem. A nova política de educação do governo teve início com o anúncio do aumento salarial gradativo de 42,2% aos professores - em pouco mais de 20 anos, um professor pode alcançar um salário equivalente a R$ 9,3 mil. As medidas, entretanto, envolvem questões importantes para Alckmin: apaziguar os conflitos com os sindicatos da categoria, que tiveram uma relação desgastada com a gestão anterior, de José Serra (PSDB).

O Ensino Médio e as expectativas de aprendizagem


Um fato possivelmente desconhecido da maioria dos brasileiros é o de que não existe no Brasil um currículo mínimo em nível nacional. Contamos apenas com “diretrizes curriculares” que, como não poderia deixar de ser, apresentam somente indicativos orientadores da definição dos conteúdos curriculares. Na maioria dos casos, essa definição cabe às escolas e, quando não, ao próprio professor.

São poucos ainda os estados que determinaram seus currículos únicos. A defesa dessa autonomia se baseia na ideia do respeito à diversidade cultural brasileira. Um exemplo das consequências dessa liberdade é o caso de uma estudante de ensino médio, filha de militar, que cursou cada série em um estado da Federação.

Na primeira série, em física, o foco foi magnetismo. Na segunda série, estudou magnetismo e, na terceira, magnetismo. A par de ter tido a oportunidade de desenvolver uma “personalidade magnética”, a aluna não ouviu sequer falar em nenhum outro campo da física.

Na verdade, a par do respeito às diferenças culturais, deveria ser respeitado o direito de todo jovem, independentemente de sua contingência geográfica, cultural, social ou econômica, desenvolver, ao final de seu ensino básico, as habilidades e competências consideradas essenciais para sua inserção no mercado de trabalho ou para a continuação dos estudos. Mas quais seriam essas competências? Essa é uma pergunta que vale um milhão.

Durante décadas, coube aos livros didáticos a definição dos currículos. Com a instituição das avaliações em larga escala, em nível nacional, as matrizes de competência, construídas para os exames de final do ensino médio (Saeb e Enem), tornaram-se as “diretrizes” para as definições curriculares. Ou seja, em vez de o currículo determinar a matriz de avaliação, ela vem definindo o currículo.

A nova proposta de Diretrizes Nacionais Curriculares para o Ensino Médio (DCNEM 2011) é enfática na necessidade urgente da definição de “expectativas mínimas de aprendizagem”, em nível nacional, para o final desse ciclo.

A mudança de nomenclatura, além de ter a possibilidade de escapar das infindáveis discussões sobre currículo mínimo, ainda carrega a vantagem de inverter o foco. Na questão do currículo, o foco é o ensino, enquanto nas expectativas, o foco é a aprendizagem. Isso corrobora um movimento que evoluiu do “direito à Educação” para o “direito de aprender”.

Estabelecido o foco na aprendizagem, voltamos à pergunta básica. Afinal, quais seriam as expectativas mínimas de aprendizagem necessárias ao final do ensino básico?

Mínimas para garantir tanto o caminho do trabalho quanto o da universidade, para todos os jovens brasileiros. A partir desse mínimo seria possível agregar outras competências, em função das características locais ou pessoais do estudante.

O desafio maior é justamente definir o mínimo. A tendência devastadora será partir dos atuais 14 componentes curriculares obrigatórios, e mais seis transversais, cujos especialistas consideram cada detalhe de sua área como absolutamente fundamental.

Se formos por esse caminho, chegaremos, sem dúvida, a um mínimo mega que aumentará o desânimo de nossa juventude, já tão perdida no emaranhado da proposta enciclopédica de nossas escolas.

Se conseguirmos chegar às expectativas essenciais de aprendizagem ao final do ensino médio, teremos dado um passo fantástico no sentido de reorganizar o currículo de todo o ensino básico. Com os parâmetros iniciais (todas as crianças alfabetizadas) e os finais (expectativas básicas ao término do ensino médio), ficaria mais fácil definir expectativas para os pontos críticos em que ocorrem mudanças na estrutura curricular o final da nona e da quinta séries.

O caminho poderia ser “de trás para a frente”. Já que, ao final de seus estudos básicos, um aluno necessitaria aprender no mínimo X, qual seria seu desempenho necessário ao final do fundamental e o que precisaria ter aprendido ao término do primeiro segmento?

A clareza sobre as expectativas, ao final de cada uma dessas etapas, possibilitaria um trabalho de correção de deficiências antes do início de nova fase, de forma a evitar o maléfico acúmulo de lacunas que leva quase sempre ao abandono.

Estabelecidas tais expectativas, teríamos também a possibilidade de restabelecer a lógica do processo, partindo delas para a revisão das matrizes de competência do Saeb e do Enem e, quem sabe, transformando o último num exame universal e obrigatório para o final do ensino básico.

por Wanda Engel* - Superintendente-executiva do Instituto Unibanco.

Publicado originalmente no jonral Correio Braziliense e retirado do site do GIFE – Grupo de Institutos Fundações e Empresas.

Formação Docente - O professor posto à prova

Principal instrumento de aferição na escola, avaliação escrita ainda é pouco entendida por docentes brasileiros; falta de debate sobre resultados compromete processo de ensino e aprendizagem

Paulo de Camargo

A prova de Geografia começa e logo o aluno de ensino fundamental se depara com a seguinte questão: "o que é depressão?". A resposta vem imediata e constrange o professor: "é aquela doença que minha mãe tem e precisa tomar remédio". Em outra escola, o docente chega com o maço de provas. Começa a chamar os alunos para receber as notas, com um detalhe: a chamada acontece em ordem decrescente de desempenho, o que instaura uma espécie de terror na sala de aula.

Ambas as situações são reais e estão descritas no estudo Prova: um instrumento avaliativo a serviço da regulação do ensino e da aprendizagem, realizado pela pesquisadora Dirce Aparecida Foletto de Moraes, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Os casos, que não são isolados, mostram como permanece profundo o abismo entre a teoria e as práticas da avaliação. Além disso, indicam que a prova escrita, principal recurso do qual o professor lança mão para se informar sobre o desempenho dos seus alunos, frequentemente é elaborada sem os pré-requisitos necessários para se configurar como um bom instrumento de avaliação.

O estudo foi publicado na última edição da revista científica Estudos em Avaliação Educacional, da Fundação Carlos Chagas, e joga luzes sobre um tema relativamente pouco estudado na academia e insuficientemente trabalhado nos programas de pedagogia e de formação continuada. Afinal, se é verdade que a avaliação é um componente essencial no processo de ensino e aprendizagem, e se o professor tem na prova seu instrumento mais rotineiro, torna-se urgente aprimorar o uso desse recurso, tanto na compreensão mais ampla do que ele representa, como na própria elaboração do instrumento.

Não que não haja interesse. O matemático Tadeu da Ponte, diretor do instituto de avaliação Primeira Escolha, responsável, entre outros, pelo vestibular do Ibmec, vem realizando palestras em todo o país sobre o tema da prova, sempre para auditórios lotados. "É preciso lembrar que esta não é mesmo uma questão simples, e o professor precisa ser preparado para saber avaliar", diz.

Perspectiva histórica

O primeiro passo é, exatamente, compreender o princípio do que se está fazendo. Afinal, o que é uma prova? Ela é mesmo um bom instrumento? Por que se tornou um sinônimo de avaliação? Segundo o autor Cipriano Luckesi, uma das referências no tema no Brasil, a prova surgiu ainda no século 16, na Europa, como um recurso de coleta de dados sobre o desempenho do educando. "Esse recurso recebeu o nome de ''''prova'''' e permaneceu com essa denominação até hoje. É o mais comum e cotidiano instrumento usado em sala de aula", diz Luckesi. Boa parte de seu sucesso se explica pela eficácia de reunir informações sobre um conjunto grande de alunos. Na Idade Média, não havia necessidade de testes escritos, devido a pouco número de aprendizes. "O mestre convivia diretamente com todos, podia observá-los, conversar, observar diretamente seu desempenho", lembra. Mas veio o tempo em que se tornou necessário o ensino para muitos e a demanda por um recurso eficiente para que o professor pudesse conhecer o desempenho de todos - e assim nasceu a prova.

Para a pesquisadora Dirce de Moraes, há outros fatores que fizeram com que o teste se tornasse um instrumento predominante ao longo dos séculos. Ele documenta e comprova o conhecimento, possibilitando a representação final por um valor numérico, que retrataria a aprendizagem daquele que foi avaliado. Para Dirce, hoje muitos professores simplesmente não conseguem acompanhar a aprendizagem do aluno sem lançar mão da prova. "Os educadores até buscam novos caminhos, mas, por desconhecerem as diferentes ferramentas ou por sentirem-se inseguros, garantem-se na prova como instrumento comprobatório", diz.

Críticas

A prova também se tornou um meio de comunicação entre famílias, crianças e escola. Basta ver que é muito mais frequente um pai perguntar a um filho ''''como foi na prova'''', do que ''''o que você aprendeu''''. Provavelmente, o abandono dos testes escritos causaria um terremoto na confiança que as famílias depositam na escola. Por fim, diz a pesquisadora, até mesmo entre os alunos a prova se tornou um instrumento de status, induzindo uma hierarquia em sala de aula. "A nota da prova leva a distinções entre melhores e piores, entre aqueles que têm potencial e os que seguem para o fracasso", diz. Nesse sentido, práticas docentes como dar a nota em voz alta estimulam essa visão.

Mas essa é apenas uma das críticas direcionadas à avaliação. Uma delas diz respeito aos usos inadequados dos instrumentos, especialmente por seu caráter de controle da classe e de poder do professor sobre o aluno. Outro questionamento é a confusão entre avaliar e fazer prova. "A prova em si não avalia nada, só oferece subsídios para o professor analisar as aprendizagens dos alunos", diz Dirce. "Avaliar é tudo o que acontece antes da nota", reforça Luckesi. Mas, tudo isso não significa que a prova seja um mal em si, alertam os pesquisadores. A questão é que ela precisa ser adequadamente aplicada. A começar do mais óbvio: uma prova escrita é útil quando se restringir às competências lógico-verbais. Ou seja, pode-se fazer uma prova escrita sobre história da arte, mas não sobre as habilidades de um artista. Por isso mesmo, há diversas outras situações na vida escolar que requerem outros instrumentos de avaliação - como produções, portfólios, apresentações e outras formas de levantar informações sobre a aprendizagem.

Encaminhamentos

Para Tadeu da Ponte, a elaboração de um bom instrumento de avaliação começa pela intencionalidade. E essa é a primeira dificuldade, pois requer que o professor inverta a lógica com a qual trabalha cotidianamente. "O docente olha para o cronograma, vê o calendário, o tempo de prova e de correção, pensa no que foi trabalhado ao longo de certo período", diz Tadeu. "Mas, para uma boa prova, precisamos pensar de trás para a frente e perguntar o que queremos que o aluno tenha de fato aprendido", sugere.

A partir desse princípio, o educador deve ter presente que a prova é um indicador, uma informação, como um sinal de trânsito, que precisa, portanto, ser interpretada, e não meramente corrigida. "A questão da prova precisa indicar algo; o erro tem de indicar algo", enfatiza o especialista. Portanto, para ele, a primeira providência antes mesmo de escrever as questões é colocar no papel a descrição da prova, quais conteúdos, quais competências se quer avaliar - tecnicamente, trata-se de estabelecer os descritores. Isso vai determinar, em grande medida, a formulação das questões e a estrutura do exame.

O desenvolvimento das questões é um dos pontos que mais atrapalham os professores, não apenas pela falta de clareza de que conteúdos mais relevantes devem ser avaliados, mas pela própria linguagem. "Com frequência, a linguagem utilizada não é clara e precisa, deixando o aluno em dúvida sobre o que o professor realmente quer como resposta", diz Vasco Moretto, autor do livro Prova: um momento privilegiado de estudo, em que analisou mais de 8 mil provas recolhidas em todo o Brasil.

Clareza

Um dos males mais comuns dos testes escritos aplicados nas escolas brasileiras é, segundo Moretto, a falta de parâmetros claros para a correção. Ao utilizar perguntas genéricas como "Comente, dê sua opinião", o professor automaticamente está dando carta branca para todo tipo de resposta. "O comando deve estar muito claro", confirma Tadeu da Ponte. A clareza da questão, a adequação do vocabulário à faixa etária e a objetividade também são atributos de uma boa prova. "Muitas vezes, o professor faz uma questão com quatro ou cinco temas embutidos, porque acha que poderia ser bom perguntar também isso e aquilo. Isso, no entanto, só dificulta a análise posterior", analisa Tadeu.

Terminada a questão, mande-se imprimir? Nada disso. Um protocolo comum nas instituições que elaboram exames deve ser seguido. O primeiro é reler a questão que se escreveu. Parece básico, mas a falta desse procedimento explica a grande quantidade de erros de gabarito ainda encontrados. Aliás, erros de gramática identificados pelos alunos podem até desacreditar o instrumento e desmoralizar o professor diante da turma.

Outro engano comum é o uso de gráficos e ilustrações coloridas. Muitas vezes, os professores fazem provas com belas imagens, mas esquecem que ainda ela será reproduzida - talvez por uma máquina que imprima em branco e preto, com péssima definição e ainda em formato reduzido. Isso faz com que a compreensão das questões pelo aluno seja muito prejudicada. Por fim, para Tadeu, a cada releitura, o professor deve procurar ver se era possível perguntar a mesma coisa com menos palavras. A objetividade é um parâmetro de qualidade e permite melhores resultados no teste. "Muitas vezes dizemos que nossos alunos são prolixos e pouco objetivos, mas as próprias questões induzem a isso", avalia o matemático.

Conteúdos versus habilidades

A partir de 1997, professores passaram a lidar com a preocupação de contextualizar as questões, especialmente nos grandes vestibulares, incluindo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Isso tem a ver diretamente com a concepção de aprendizagem significativa, originada especialmente das ideias do psicólogo norte-americano David Ausubel. O conceito remete à necessidade de estabelecer relações entre as aprendizagens prévias e a busca de conexões com a realidade do aluno. Para Vasco Moretto, uma característica típica da boa prova é, justamente, sua capacidade de estimular a aprendizagem significativa, o que requer a contextualização do que está sendo perguntado, por exemplo, por meio de um texto anterior.

Não se trata de um desafio simples, até porque nas escolas há uma clara dissociação entre os "saberes escolares" e a vida real. Mas, ainda que seja difícil desenvolver um teste que traga tais qualidades, é possível tornar a prova interessante, no entender de Tadeu da Ponte. "A contextualização não implica sempre que a questão deve ter a ver com a vida do aluno, mas que ele será provocado a pensar para resolver o problema, talvez de uma forma a que não está habituado", diz. Esse princípio automaticamente inibe a prática da memorização de respostas e procedimentos, o que deve ser, em última instância, preservado, em sua perspectiva.

Ao mesmo tempo, a memorização, que é considerada um método ultrapassado de aprendizagem por muitos educadores, não pode ser esquecida. Em janeiro deste ano, a revista acadêmica norte-americana Science publicou um estudo que apontou que a "decoreba" pode impactar positivamente no desempenho dos estudantes. Realizada pelo psicólogo Jeffrey Karpicke, ligado à Universidade de Purdue, no Estado de Indiana, a pesquisa envolveu 200 jovens universitários. Os alunos estudaram textos científicos de duas formas. A primeira os estimulou a fazer elaborações sobre o conteúdo que aprenderam, com o texto em mãos. A outra simplesmente os afastou do texto, na tentativa de recuperar o máximo de informação por meio da memória.

Os jovens que exercitaram a memória em vez de estudar com o texto à sua frente apresentaram resultado 50% superior em provas aplicadas. Segundo o estudo, a memorização ajudou os alunos a responder questões que exigiam deduções mais complexas e cruzamento de informações. A hipótese de Karpicke para explicar os resultados aponta que o processo de relembrar não envolveria apenas o resgate de informações já arquivadas no cérebro, mas também de reconstrução do que foi armazenado, o que obrigaria o órgão a reorganizar o assunto e priorizar determinados tópicos. "Não podemos nos levar por preconceitos. Há, de fato, conhecimentos que precisam ser memorizados. Por outro lado, devemos procurar oferecer situações-problema que levem o aluno a se apropriar desses conteúdos, tornando-se capaz de pensar de forma diferente, conforme os contextos que se apresentam", opina Tadeu da Ponte.

Formação

O desenvolvimento de bons instrumentos de avaliação vem sendo tratado nas universidades quase sempre do prisma teórico. Contudo, os professores se sentem desamparados e desorientados na escola, como demonstrou a pesquisa empreendida por Dirce Moraes. Visitando escolas e conversando com professores, Dirce percebeu que não havia qualquer orientação em relação à elaboração das provas, à correção e às tomadas de decisão após os resultados. "Cada professor fazia da forma como achava certo", conta. Entre alguns bons exemplos, Dirce encontrou questões simplesmente retiradas de livros, enfatizando somente a memorização, sem preocupação de contextualizar as perguntas.

Na verdade, como demonstra a pesquisadora Bernadete Gatti, da Fundação Carlos Chagas (FCC), em seu livro Professores do Brasil - Impasses e Desafios, no qual analisou currículos de cursos de pedagogia de todo o país, muitas vezes o docente reproduz práticas que encontrou na graduação. Nas faculdades, o método mais comum de avaliação é a prova escrita, como a que posteriormente ele proporá aos seus alunos. O problema é que as consequências desse despreparo remetem diretamente a questões graves da educação brasileira, como o fracasso escolar. "Um trabalho sistemático com a orientação dos professores, a formação continuada e conscientização sobre a responsabilidade de cada um no processo colaboram significativamente com o sucesso do aluno, distanciando-o do fracasso escolar", diz.

Distorções

Um estudo importante nesse sentido foi desenvolvido por Ricardo Madeira, da Faculdade de Economia e Administração (FEA), na USP, há três anos. Comparando as notas do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) e as atribuídas pelos professores em sala, Madeira encontrou distorções reveladoras. Percebeu, por exemplo, que enquanto no Saresp as notas distribuem-se na forma de um sino, ou seja, mais ou menos igualmente, nas classes tendem a se aglutinar. "O professor tende a dar nomes iguais para alunos diferentes", diz.

A pesquisa mostrou que os testes que constantemente ranqueiam os alunos para baixo podem desmotivar e causar o abandono. "A prova traz uma influência importante sobre a decisão dos alunos", diz. Para ele, o descolamento entre as notas do professor e do Saresp pode indicar simplesmente que os docentes reconhecem que a prova não é um instrumento perfeito, o que reforça a necessidade de se utilizar variados instrumentos de avaliação. Mas há ainda outros aspectos importantes que ligam a cultura do exame escrito aos problemas de aprendizagem. Um dos principais é justamente sobre o que se costuma fazer com os resultados dos testes. Quase sempre, nada.

O pesquisador Luckesi chama a atenção para o fato de que a simples atribuição de valores numéricos não significa que houve um processo de avaliação formativa, ou seja, que produza reflexos sobre a aprendizagem. A prova deveria ser o primeiro passo, e não o final, de um processo como esse. Há muito a ser feito, como identificar e trabalhar com as turmas sobre pontos que se mostraram difíceis, ou como lançar um olhar mais individual para o desenvolvimento de cada aluno. "O feedback possibilita que ele se situe em relação às aprendizagens, tenha condições de entender e não apenas constatar seus erros e acertos. É preciso refletir, propor situações em que o aluno possa compreender o que fez e o que deixou de fazer em relação ao que foi proposto", enfatiza Dirce.

O argumento dos professores - e não desprovido de razão - é o problema do número de estudantes em sala, que inviabiliza um tratamento individualizado. "É possível que não consiga atender a todos, mas se propuser diferentes situações em que os alunos possam trabalhar na superação das dificuldades constatadas, isso vai contribuindo para o avanço. O que não pode acontecer é a prova apenas atestar a competência ou a incompetência do indivíduo com uma nota", alerta a pesquisadora. Tratar a prova como uma reta de chegada é como olhar o termômetro e se satisfazer com o que ele indica, sem procurar as causas da febre. Para Luckesi, a preocupação única com aprovação ou reprovação acaba por afastar o gestor e o professor daquilo que ele efetivamente procura ao propor um teste - ou seja, encontrar dados para as decisões que terá de tomar, decisões que podem influenciar o futuro de milhares de vidas.



Uma boa prova

Veja algumas dicas de como elaborar a avaliação escrita em sala de aula, segundo diferentes autores



1 Ter clareza do objetivo de cada pergunta. É preciso haver intencionalidade.

2 Buscar que sejam adequadas ao nível dos alunos, com questões bem distribuídas, entre fáceis, médias e difíceis.

3 Elaborar as questões com perguntas que sejam relevantes e evitar pegadinhas. Tem de ter um tema predominante. Evitar os extremos: nem tão geral, nem tão específico, pedindo "a nota de rodapé".

4 Se possível, buscar contextualizar os problemas ou, pelo menos, procurar apresentá-los de forma a provocar o raciocínio e evitar somente respostas memorizadas.

5 Ser rigoroso com a linguagem, evitando perguntas genéricas. O comando, ou seja, o que se quer de cada resposta deve estar muito claro. Evitar o uso de questões com o uso de negativa, que posteriormente prejudicam a análise da prova.

6 Ser coerente com as aulas e as estratégias previamente utilizadas nas aulas.

7 Evitar provas exaustivas, que demandam muito tempo de realização. Isso não contribui para a qualidade do instrumento.

8 Planejar a prova com antecedência, com tempo para reler as questões, refazê-las e depurá-las.

9 A escolha do formato deve estar a serviço do objetivo. Questões de múltipla escolha podem ser tão boas com quatro opções do que de cinco, por exemplo. Para o Ensino Fundamental I, é melhor utilizar três alternativas; para o Ensino Fundamental II, quatro.

10 Atenção aos detalhes: cuidado com a correção gramatical, e com o uso de gráficos com cores e tamanhos que depois podem ser prejudicados na reprodução.

Fonte - Reviata Educação

Não gosto do Dia do Professor

Não gosto do Dia do Professor, a ser comemorado no próximo sábado, por um único motivo: é um dia pouco comemorado. Deveria merecer mais, muito mais atenção, do país. Quase passa despercebido.

Não há nenhuma profissão tão importante para uma sociedade que se proponha a ser civilizada. É mais importante do que a medicina, que salva vidas, afinal quem forma o médico é o professor.

Nada deveria ser tão importante para uma nação do que saber atrair seus melhores talentos para ajudar a disseminar e produzir conhecimento. O que exige uma série de ações coordenadas e complexas. Isso significa que, no final, a pessoa tem de ter orgulho de ter essa carreira.

Não é o que ocorre. Estamos longe, muito longe, de recrutar os melhores talentos. Os salários não são atrativos. As condições de trabalho são péssimas, para não dizer vergonhosas.

Justamente por ter essa visão é que, aqui nesse espaço, faço questão de provocar polêmicas, não apenas criticando os governos, mas também, muitas vezes, quem se dispõe a defender os professores, esquecendo-se do mérito.

Há uma série de demandas corporativas que apenas se encaixam nesse ambiente de degradação. Basta lembrar quantas vezes dirigentes sindicais, sem a menor preocupação com o mérito, atacaram e atacam esforços para reduzir o absenteísmo, demitir professores sem condições de trabalhar ou exigir maior desempenho. Sem contar o explícito uso da máquina sindical para fazer política. Isso, para mim, apenas degrada a imagem do professor. Assim como os governos também usam a educação para fazer política eleitoral.

Some-se a isso que, apesar de todos os avanços, as famílias e a opinião pública pouco acompanham a educação pública. Um sinal de ignorância vemos nas pesquisas que indicam a satisfação dos pais com o ensino público.

Uma medida da nossa civilidade poderá ser medida pela atenção e reverência que se tenha no Dia do Professor.

Fonte – Folha.com

Brasil quer educação de país desenvolvido em 2022

Fortaleza - O Brasil quer chegar a 2022 com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) igual ao de países desenvolvidos, com o analfabetismo erradicado e com oportunidade para todos. Foi o que disse a assessora especial do Ministério da Educação, Linda Goulart. Ela coordena o 1ª Seminário Internacional de Mobilização Social pela Educação, que acontece até amanhã, em Fortaleza, reunindo 500 participantes de todo o País. Entre os palestrantes, estão renomados estudiosos como os colombianos Bernardo Toro e Bernardo Nieto, especialistas em mobilização e reformas educacionais, e Heather Weiss, diretora do Havard Family Research.

De acordo com Linda Goulart, o diálogo pela educação deve ser estendido à sociedade. "É por esse motivo que o MEC está se dedicando a repassar para os agentes que atuam no setor técnicas e experiências de mobilização no sentido de promover a interação entre família, escola e comunidade", explicou.

Segundo ela, o seminário tem como objetivo proporcionar espaço para discussões sobre a importância da participação das famílias na vida escolar dos filhos, bem como de que maneira a colaboração de segmentos organizados da sociedade e os órgãos públicos de áreas correlatas à educação, além das lideranças sociais e religiosas, podem contribuir no processo de melhoria da qualidade da educação.

Hoje, os palestrantes Bernardo Nieto e Márcio Simeone Henriques falaram sobre o tema Comunicação e Mobilização. Nieto definiu e apontou as implicações dos processos de trocas sociais que buscam a mobilização. "A comunicação é fundamental para estabelecermos essas mudanças, porém não pode fazer milagre", comentou. Segundo ele, o "motor fundamental é o impulso criador dos dirigentes". Ele lançou a seguinte pergunta para a plateia, formada por gestores em sua maioria: "Somos impulsionadores ou obstáculos para essas mudanças?".

Já Henriques, professor do Departamento de Comunicação Social da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, da Universidade Federal de Minas Gerais, perguntou: "Que estratégia de comunicação é necessária para envolver o público em temas relativos à Educação?". Segundo ele, a resposta é dada pelo educador brasileiro Paulo Freire: a da coparticipação.

Agência Estado

Comemorações patrióticas em escolas

A história do Brasil pode ser comparada à vida de uma pessoa. A cidadania é um valor que se aprende praticando em casa e na escola. As datas comemorativas são excelentes para unir os mundos interno (pessoal) com o externo (família, escola, sociedade), através de festas coletivas em torno de um mesmo feito.

Um dia o Brasil nasceu para o mundo, apesar de já existir geograficamente e ser habitado pelos índios. O descobrimento do Brasil em 22 de Abril de 1.500 por navegadores portugueses comandados por Pedro Álvares Cabral é conhecido como o início da existência do Brasil para os europeus que sequer desconfiavam da sua existência. Para eles o Brasil nasceu naquele dia.

As pessoas comemoram anualmente suas datas de nascimento, apesar delas já existirem dentro do útero materno há nove meses. Quem comemora? Geralmente a família nuclear, os amigos, alguns colegas. São pessoas do seu relacionamento.

Como não há alunos que não saibam os seus respectivos dias de nascimento, os professores em classe poderiam, cada um em sua matéria, promover um trabalho cidadão com os alunos:

Com prazo suficiente para os alunos pesquisarem, os professores poderiam passar um trabalho para os alunos em cada data importante para o Brasil. Por exemplo: Na data comemorativa do Descobrimento do Brasil, os professores poderiam idealizar um trabalho sobre a importância desta data para o Brasil e para o resto do mundo. O trabalho individual deve ser evitado ao máximo. O preferível é o de minigrupos, isto é, no máximo três alunos juntos. Mais que três alunos juntos pode favorecer os folgados que assinam o trabalho que os sufocados fazem. A apresentação do trabalho deve ser feita durante a aula pelo representante eleito dentro do próprio grupo e a parte da história que se refere à sua própria vida deve ser lida pelo próprio aluno - e não pelo representante. Em cada apresentação, o grupo todo vai para frente junto com o apresentador. A nota deve ser igual entre todos os integrantes de um mesmo grupo.

O tema sugerido do trabalho é: O que acontecia na minha família e no Brasil quando eu nasci: Uma homenagem ao Dia do Descobrimento do Brasil. Mas pode ser qualquer outro, conforme as inspirações dos professores.

Os focos fundamentais para este trabalho são:

• despertar a curiosidade do aluno para fazer pesquisa oral com a própria família nas gerações dos avós; dos pais, padrinhos e tios; e da própria com irmãos e primos, propiciando a constatação da importância dos pais e de outros familiares na sua vida;

• fazê-lo participar de minigrupos e acostumar a expor as próprias idéias, formação equipes de trabalhos e de líderes para empreenderem-se em tarefas que levem às pesquisas;

• os alunos perceberam a importância das comemorações de datas importantes do Brasil, para aumentar o sentimento de patriotismo e nação, pois é difícil amar o que se desconhece;

• combater o egoísmo desta geração de crianças através do afeto e do conhecimento da existência dos outros para diminuir a violência, o bullying, as diferenças etc.

• ampliar o olhar para cuidar do mundo globalizado e não pirateá-lo com o hedonismo egoísta.

Por Içami Tiba

Fonte – Uol Educação

Verba para educação deve ser de até 10% do PIB em 2012, diz Haddad

Verba para educação deve ser de até 10% do PIB em 2012, diz Haddad


Em palestra na FGV (Fundação Getúlio Vargas) no Rio, nesta segunda-feira, o ministro da Educação, Fernando Haddad, disse que espera uma resposta do Congresso para definir o orçamento para educação em 2012, que deve ficar entre 7% e 10% do PIB nacional. Ele também pregou o fim do vestibular e a reformulação do Ensino Médio.

A proposta de aumentar o orçamento faz parte do Plano Nacional de Educação, que aguarda aprovação do Congresso e prevê os investimentos na área para os próximos dez anos. Atualmente a educação corresponde a 5% do PIB brasileiro.

"Não vai ser menos de 7% do PIB nem mais do que 10%", disse Haddad, ao lembrar que o Brasil foi um dos últimos países da América Latina a despertar para a necessidade de investir em educação e que é preciso "correr atrás dessa diferença histórica".

O ministro também ressaltou a necessidade de reformular o Ensino Médio, enxugando o conteúdo ensinado atualmente e criando escolas em tempo integral. "Hoje o aluno vê o Ensino Médio como um pedágio para o vestibular. Temos que mudar isso para uma forma mais coerente, que responda aos anseios da sociedade."

Haddad também minimizou os problemas com o Enem, que classificou como um dos sistemas mais modernos do mundo de acesso a universidade. "É um problema fazer uma prova para 5 milhões de pessoas em um fim de semana", explicou. Segundo ele, o Brasil está em um processo de substituição do vestibular e é preciso acabar com a prova, insuficiente para avaliar os alunos integralmente.

Apesar de ter passado a palestra elogiando as ações do seu governo, Haddad, pré-candidato ao governo de São Paulo, evitou falar sobre a campanha. "Política só no final de semana. De segunda a sexta, só educação", disse.

PAULA BIANCHI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO